A recente derrubada do regime de Bashar al-Assad na Síria marcou um capítulo decisivo na longa e devastadora guerra civil do país. No centro da ofensiva que culminou na queda do presidente sírio está Abu Mohammed al-Jolani, líder do grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a maior milícia insurgente da Síria. As informações são do portal DW.
Jolani, cuja trajetória está intimamente ligada à Al Qaeda, consolidou sua liderança no cenário rebelde, mas também acumulou polêmicas. Desde 2016, ele tem tentado se distanciar de suas raízes jihadistas, promovendo uma imagem de moderação e pragmatismo político. Esse esforço inclui até uma mudança simbólica de vestimenta, substituindo o turbante tradicional por um uniforme militar, na tentativa de se apresentar como um estadista.
Um “radical pragmático”
Apesar da retórica de mudança, analistas e governos ocidentais permanecem céticos quanto às intenções de Jolani e do HTS, que continua classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Turquia.
O HTS não apenas formou um governo civil nas áreas que controla, como também reprimiu rivais e críticos. Acusações de violações de direitos humanos, desaparecimentos forçados e crimes de guerra pairam sobre o grupo. Mesmo assim, Jolani continua tentando convencer tanto moradores locais quanto a comunidade internacional de que sua liderança é uma alternativa viável para a Síria pós-Assad.
Mudança estratégica ou oportunismo?
Para seus partidários, Jolani é um realista que se adaptou às circunstâncias para garantir a sobrevivência de seu grupo e a concretização de seus objetivos políticos. Seus críticos, no entanto, o consideram um oportunista que ajusta sua narrativa conforme a conveniência. “Quanto menos pânico local e internacional houver e quanto mais Jolani parecer um ator responsável em vez de um extremista jihadista tóxico, mais fácil será seu trabalho. Isso é totalmente sincero? Com certeza não”, disse ele. “Mas é a coisa mais inteligente a se dizer e fazer neste momento.”, analisa Aron Lund, do think tank Century International.
Nos bastidores, a mudança de postura de Jolani pode ser vista como uma estratégia para atrair apoio ou neutralidade de atores internacionais e locais que historicamente o rejeitavam. Entretanto, os Estados Unidos mantêm uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à sua captura.
De jihadista a líder político
Jolani nasceu em 1982, em uma família abastada, e cresceu em Damasco. Sua trajetória no jihadismo começou após os ataques de 11 de setembro de 2001. Ele ingressou na Al Qaeda no Iraque, então liderada por Abu Musab al-Zarqawi, e mais tarde fundou a Frente Al Nusra, braço da Al Qaeda na Síria.
Ao romper com a Al Qaeda em 2016, Jolani abriu caminho para transformar o HTS em um grupo mais focado em objetivos locais do que em ambições globais jihadistas. Ele também assegurou à minoria cristã de Aleppo que estaria protegida sob o novo regime e pediu aos insurgentes que respeitassem as instituições públicas em Damasco.
Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia
https://revistaaz.com.br/ultimas-noticias/piaui/feed